Outro dia numa reunião pedagógica na escola o ponto em questão era (como quase sempre) a avaliação. Falava do modo –ou modos- de fazer a correção: o que considerar, o que descontar, como pontuar. Muito claro ... sempre e quando se trata de assuntos objetivos. Vimos alguns exemplos de quatro ou cinco disciplinas e quando chegou à matemática (sempre ela) o tempo estendeu-se, já que o assunto dá sempre pano pra manga e sempre recebe observações, daqui e dali. Curioso que existem muitas divergências entre os envolvidos diretamente: um diz que o que importa é como o aluno desenvolveu o raciocínio ainda que tenha errado a resposta por uma operação incorreta enquanto outro diz que se a resposta final está incorreta então tudo é incorreto e ponto...
Já em arte tudo é sinuoso. E perigoso. Avaliar é pisar em ovos. Existe resposta correta?
No dia-a-dia na sala de aula, tem algo que valoro muito: o empenho na superação de dificuldades. E quanto a isso sempre encontro alunos bons. Às vezes encontro alunos fantásticos.
Semana passada eu estava trabalhando com uma dúzia de alunos de sétimas e oitavas e todos estavam envolvidos com monotipia. A monotipia consiste em colocar tinta sobre uma superfície (sendo que essa tinta e essa superfície podem variar muitíssimo) e então com um papel ou tecido exercemos alguma pressão sobre essa tinta, a modo de carimbo. Nós trabalhávamos tinta guache sobre uma superfície de vidro e papel cartolina cortado em pedaços.
Incrível as descobertas que vão fazendo, por exemplo que a imagem do vidro e papel são contrárias. Em geral demoram para essa conclusão, que se dá quase sempre porque escrevem algo e as letras aparecem espelhadas no papel. Quase sempre esse trabalho é rápido e cheio de entusiasmo pelas formas que muitas vezes surgem ao acaso.
Entre placas cheias de cor e excessos de tinta, um aluno puxou seu papel e vejo com assombro a beleza da forma, da textura e da cor: uma rosa. Fundo preto numa superfície delicada (feita com rolinho de espuma), a folhagem rebelde e cheia de espinhos em verde escuro e as pétalas num vermelho vibrante, molhado, imponente, ocupando 2/3 do papel.
“Rafa, que rosa linda! Ficou fantástica.”
“Não deu certo, professora. Eu fiz um macaco numa árvore.”
“Bom, basta você dizer que era uma rosa que todos vão se admirar”, disse sorrindo. As meninas chegaram mais perto para ver, aprovando a rosa. “Tenta de novo, Rafa, põe menos tinta para ela não dançar quando puser o papel... e pense que você já descobriu como fazer uma rosa”.
Ele fez mais duas ou três tentativas frustradas e disse resoluto: “Já sei, agora vai dar certo”. Não me fixei no que ele estava fazendo, a sala estava um rebuliço de idéias e cores. Passou-se algum tempo.
“Professora, consegui!” Ele tinha um grande sorriso. Olhei e vi: fundo preto e macaco vermelho. Outros alunos viram e sorriram.
“Deu certo, Rafa. Como você fez?”
“Primeiro fiz o fundo e imprimi no papel. Depois que secou fiz o macaco no vidro e imprimi de novo. Agora falta a árvore”.
A árvore se sobrepôs um pouco ao macaco. “Professora, eu deveria ter feito a árvore antes do macaco. Vou fazer de novo.” E fez.
Me senti admirada com o empenho dele. Ele pensou, experimentou e superou a dificuldade. Segmentou o trabalho para atingir o objetivo.
Ele se sentiu entusiasmado e eu também. Me disse: “Sabe, professora, eu tenho um monte de idéias mas não faço em casa porque vai fazer uma lameira. Posso fazer aqui?”.
Ele passou o restante da aula experimentando. Diluiu tintas, usou pincel, vidro, canudinhos, rolinhos, palitos de sorvete. Descobriu.
Já em arte tudo é sinuoso. E perigoso. Avaliar é pisar em ovos. Existe resposta correta?
No dia-a-dia na sala de aula, tem algo que valoro muito: o empenho na superação de dificuldades. E quanto a isso sempre encontro alunos bons. Às vezes encontro alunos fantásticos.
Semana passada eu estava trabalhando com uma dúzia de alunos de sétimas e oitavas e todos estavam envolvidos com monotipia. A monotipia consiste em colocar tinta sobre uma superfície (sendo que essa tinta e essa superfície podem variar muitíssimo) e então com um papel ou tecido exercemos alguma pressão sobre essa tinta, a modo de carimbo. Nós trabalhávamos tinta guache sobre uma superfície de vidro e papel cartolina cortado em pedaços.
Incrível as descobertas que vão fazendo, por exemplo que a imagem do vidro e papel são contrárias. Em geral demoram para essa conclusão, que se dá quase sempre porque escrevem algo e as letras aparecem espelhadas no papel. Quase sempre esse trabalho é rápido e cheio de entusiasmo pelas formas que muitas vezes surgem ao acaso.
Entre placas cheias de cor e excessos de tinta, um aluno puxou seu papel e vejo com assombro a beleza da forma, da textura e da cor: uma rosa. Fundo preto numa superfície delicada (feita com rolinho de espuma), a folhagem rebelde e cheia de espinhos em verde escuro e as pétalas num vermelho vibrante, molhado, imponente, ocupando 2/3 do papel.
“Rafa, que rosa linda! Ficou fantástica.”
“Não deu certo, professora. Eu fiz um macaco numa árvore.”
“Bom, basta você dizer que era uma rosa que todos vão se admirar”, disse sorrindo. As meninas chegaram mais perto para ver, aprovando a rosa. “Tenta de novo, Rafa, põe menos tinta para ela não dançar quando puser o papel... e pense que você já descobriu como fazer uma rosa”.
Ele fez mais duas ou três tentativas frustradas e disse resoluto: “Já sei, agora vai dar certo”. Não me fixei no que ele estava fazendo, a sala estava um rebuliço de idéias e cores. Passou-se algum tempo.
“Professora, consegui!” Ele tinha um grande sorriso. Olhei e vi: fundo preto e macaco vermelho. Outros alunos viram e sorriram.
“Deu certo, Rafa. Como você fez?”
“Primeiro fiz o fundo e imprimi no papel. Depois que secou fiz o macaco no vidro e imprimi de novo. Agora falta a árvore”.
A árvore se sobrepôs um pouco ao macaco. “Professora, eu deveria ter feito a árvore antes do macaco. Vou fazer de novo.” E fez.
Me senti admirada com o empenho dele. Ele pensou, experimentou e superou a dificuldade. Segmentou o trabalho para atingir o objetivo.
Ele se sentiu entusiasmado e eu também. Me disse: “Sabe, professora, eu tenho um monte de idéias mas não faço em casa porque vai fazer uma lameira. Posso fazer aqui?”.
Ele passou o restante da aula experimentando. Diluiu tintas, usou pincel, vidro, canudinhos, rolinhos, palitos de sorvete. Descobriu.
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